A estória esquecida

Documento encontrado na torre do Pombo em Moçambique

"Cachoeira Pequena, aprazível, minúsculo e belíssima região do planeta, situado entre dois importantes grupos indígenas, os Cambas da Bolívia e os Pakaas Novos do Brasil, às margens do Rio Mamoré, terra de homens bravos de espírito retemperado pelo grande esforço por enfrentar (e sempre ser derrotados) o ócio e a indolência, numa grande demonstração de desapego ao trabalho .

A natureza foi generosa para com o feudo, grandes extensões de terras férteis, muita água, sol o ano inteiro e preguiça, muita preguiça.

Não plantavam nada, em síntese, viviam da tediosa contemplação ao horizonte. Na verdade alguns, chafurdando-se no ilícito, traficando a beberragem trás-prá-cá, e do analgésico jambu, na busca da manutenção da opulência faustosa (vale a redundância) e, por conseqüência, do crime.

O senhor daquele feudo era o duque Inácio Castro Saca apelidado de "Corta Saco", afável no trato com os seus súditos mais leais, mas um tirano atilista, quando se tratava de defender a honra da sua filha, a bela e adorável "Princesa" Shanela Psirica Rocha da Saca.

A pena mais branda para quem dirigisse uma galanteio menos insosso à vestuta manceba loira, era a extirpação indolor do saco escrotal do inxerido Dom Juan. Obra do Déspota Corta Saco.

Nos porões do palácio o couro comia, a tortura era uma prática corriqueira. A Guarda Política do Corta Saco era treinada por especialistas em sevícias

anima

importados da Espanha à peso de ouro. Eram todos integrantes da temida KBG (Kana Bastante Grande) que por muitos anos infelicitou os Maias no México.

Todo o cidadão, em especial os descamisados, que fosse flagrado em atitude suspeita nas proximidades da Zona de Segurança (500 metros em torno da fortaleza),era recolhido ao "porão" para uma sessão de interrogatório e, invariavelmente, passava pela seguinte sequência de sevícias:

1. Davam um banho no infeliz, já que era uma norma da região banhar-se apenas uma vez por ano, notadamente quando chovia.

2. Obrigavam-no a comer uma lavagem intragável chamada trás-prá-cá com farinha dágua, macaxeira (porca miséria) e como sobremesa, se o indigitado ainda estivesse vivo, evidentemente, uma poção de creme de Ânuspuaçu, tudo embalado ao som de um alaúde desafinado.

Não foram poucos os casos em que os prisioneiros preferiram o suicídio e, da forma mais grotesca que se possa imaginar, enforcando o saco. Compreensível naquelas circunstâncias.

Os habitantes do feudo, da corte aos descamisados, jamais encararam de frente a ninfeta que, por sua vez, como Salomé, a terrível figura bíblica, inventava mil e uma maneira de ver castrados os poucos aventureiros de toda redondeza: forjava bilhetes com remetentes não tanto fantasmas, para que seu pai mandasse executar a vil mutilação.

Certa vez, na comemoração do padroeiro do feudo, Santo Espátula dos seringueiros, um jovem chamado Toinho, famoso montador de carros-de-lhamas, um admirador anônimo de Shanela, que tudo fazia para aparecer diante dos seus olhos, após ter ingerido alguns tragos da famosa bebida local, a Aman sac Orno, teve a infeliz idéia de olhar de soslaio a bela donzela, que passeiava com seu consola buça à tiracolo na estalagem de Tia Elza.

Pobre mancebo, o Duque que a tudo assistira, encolerizado, como exemplo, mandou que cegassem seus três olhos, utilizando para tanto o xixi da cotia da donzela, chamado cômico zinho.

Não satisfeito com o castigo, o duque mandou banhar o pobre rapaz num caldeirão onde fervia a beberragem psicotrópica muito utilizada por todos quando estavam com prisão de ventre, a tal trás-prá-cá.

O povo revoltado, ainda que temeroso, abandonou a festa em sinal de protesto, deixando para trás Corta Saco e sua abominável família.

Um dia, vindo de um quilombo das bandas de Vila Bela, um alforriado solitário e corajoso, amante das coisas difíceis da vida, desconhecendo a fama do duque espiroqueta, mas sabendo da beleza estonteante da donzela Shana, resolveu conhecê-la e, quem sabe, num gesto de valentia, chamar a sua atenção e fornicá-la.

Trolha Mulunga, alcunhado por Trolha Desmarcada, o legionário, um crioulo esquisito pois tinha a pele branca, fugido de um quilombo nas margens do Rio Guaporé, deslocava-se à noite para evitar o calor reinante naquela época, era verão, aliás o ano todo era verão na região, com direito à trovoadas, relâmpagos e outras ações da mãe natureza.

 Aproveitando a escuridão da noite pouca ou quase nenhuma roupa ele vestia, envolvia-se numa toalha de rosto, aliás bastante comum esta prática no feudo.

Lá ia ele assim, numa das muitas noites de sua vida, mas talvez aquela que iria mudar para sempre seu destino.

O calor era infernal, repentinamente caiu uma chuva forte e, em consequência, um baita resfriado aconteceu. Estava ele na vereda 15, local onde as lavadeiras do feudo estendiam as roupas da elite para secar, o viajante, num acesso de espirros, sem ter um lenço à mão, avançou para um varal sob um tapiri e de lá arrancou uma peça, que, no escuro, lhe pareceu ser um lenço - era mais ou menos clara e, de pronto, levou-a ao nariz, estava úmido, pensou ser por causa da chuva, ainda que naquele local estivesse seco. Uhhmmmm! saiu de sua garganta ressequida.

O legionário embasbacado por aquele aroma enloquecedor, gostoso e inebriante da fruta mais saborosa da face da terra, atoleimou-se.

Oh! quanta felicidade, imaginou. Mais que depressa colocou a delicada peça sob o braço e levou-a para um ponto luminoso para que identificasse com mais precisão a origem daquele adorável perfume. S P R S bordado à mão, eram as iniciais existentes e não era um lenço, suas suspeitas se confirmaram, era uma ceroula de cetim, tapa-talho muito usado na Espanha medieval, coisa de louco, toda trabalhada em fios dourados.

A umidade que ele havia pressentido, pelo local, conhecedor da situação, ele, que era um fogoso e excepcional reprodutor, percebeu ser uma manifestação orgasmática da vulva da possivelmente bela S P T.

Até aquele momento ele não sabia a origem da bela fruta que por certo recheiava aquela peça. Seguindo com um apurado olfato o contorno do aroma conseguiu identificar o tamanho, forma, e ovulação da sua detentora, jurou então, para ele mesmo, que haveria de descobrir a dona da xoxa, e com ela fornicar. Seria uma Cinderela sem sandália mas com ceroula.

Resolveu o bravo rastrear pelo cheiro seu futuro "almoço". Passou a trafegar pelo feudo durante o dia, vestido para não escandalizar os habitantes.

Num bate barriga conhecido por Chulapa 94, na noite do mesmo dia, ouvindo mais do que falando soube que aquele local por onde passara à noite, era área de segurança do forte, por lá jamais passara homem algum, somente as serviçais do feudo, tinham acesso.

Num mela-ceroula conhecido por MARASOM soube pelas gozosas moradoras do local que no feudo não aconteciam casamentos, e os motivos alegados foram muitos e coerentes:

1. A Santa Madre preocupada com a politiqueira Teologia da Libertação esquecera os bons ofícios do Senhor;

2. As seitas e afins, por sua vez confundidas pelo Ali Babá Edir Metralha, sectárias e maniqueistas, estavam na contra-mão do Cristianismo.

3. Por último o preço do amancebamento era muito mais em conta. Encarecer, para que?

Pelas tabernas, cacete armado e biroscas, foi o legionário sendo informado dos costumes do feudo.

As menores não brincavam de bonecas nem de "casinha" preferiam outros bonecos e outros tapiris ou mesmo no mato, com o apoio incondicional das mamães, doidas para serem avós.

O "ritual da iniciação" da moçada local acontecia, na maioria das vezes, quando elas começavam a "fazer sombra", aproximadamente aos 8 anos de idade. A conseqüência desse açodamento saltava aos olhos mais desavisados. A insegurança e a inócua criatividade castrava a garota naquilo que deveria ser o mais amplo, formoso e prazeroso mundo da descoberta, da paz interior, do amor corpóreo e do gôzo.

O recenseamento mais novo, realizado a 7 meses atrás, dava conta de que existiam no feudo 1.808 pessoas assim distribuidas: 568 mulheres com a idade variando entre 16 e 36 anos. 323 homens na faixa compreendida entre 18 e 38 anos de idade; 280 menores de ambos os sexos; o restante, acima da faixa explicitada acima.

Fazendo uma breve reflexão, o mancebo entendeu o motivo da existência de tanta mulher fumando charuto, mijando em pé, cuspindo na parede, calçando trator 44, usando uma tremenda peruca no sovaco e por último usando ceroula de macho.

Pelo censo realizado por especialistas espanhóis, o homem estava super-valorizado. "Tem mais mulher que gente" pensou Trolha .

As mulheres na idade ativa (12 aos 21 anos) por sua vez, iam à luta pelo seu espaço, atacavam com unhas e dentes os poucos homens do feudo. Algumas, condutoras de carros-de-lhamas, casadas ou não, jogavam estes sobre os homens quando eram por estes desprezadas. Aliás, grande parte das casadas adoravam colocar o capacete de mongol no enfeitador de pescoço da rapaziada.

Em contraponto com aquela realidade, Trolha chocava-se com o extenso universo de sofredoras pretensiosamente gozosas, levadas àquela situação pela absoluta incapacidade de amar, se relacionar e ter prazer; eternas mal-amadas.

Uniões eram desfeitas com a mesma velocidade com que trocavam um cinto de castidade emperrado. Anomalias sexuais eram freqüentes e assumidas. Homossexualismo, sado-masoquismo e/ou outras taras mais ou menos excêntricas eram levadas a efeito com a maior sem-cerimônia.

Conceito de família no feudo diferia em muito da sua região. As mães pariam os filhos e de imediato entregavam às avós para criarem e continuavam o bimba bimba sem a menor responsabilidade.

O bravo crioulo viajante escandalizava-se a cada informe, ele que viera de uma região onde "dar" representava em certos casos homicídio, lenocínio, ou outro ínio menos escabroso, além da castração ou do casamento policialesco.

Lembrou que o sexo lá, de onde viera, era um tabu levado ao extremo pela ignorância de sua gente, passado de geração à geração. Silêncio total. Mães calavam-se envergonhadas pois haviam sido filhas e à elas, seus pais, nada haviam informado à respeito.

Sorrira intimamente e pensara, era ali, e naquela hora, que ele iria sentar a pua à migué. Iria à luta por sua fruta.

Foi feliz pois dai a quatro meses, seria realizado no feudo mais uma edição do esporte da preferência local, um torneio de cuspe à distância. O atleta mais desenvolto teria a oportunidade de, numa noite inteira, freqüentar o salão nobre do castelo e na oportunidade gozar as delícias das orgias da corte.

Objetivando preparar-se culturalmente para a grande entrada na Corte, o legionário visitou a Casa da Cultura Gozosa "MUSEUM FUBUIO ESPIROQUA" onde foi recebido à contragosto (ele era negro) e ciceroneado pela dupla inseparável Irnac Man e Juba Barroso, burgomestres da livre zona.

Manuseiando pilhas enormes de livros, manuscritos e pergaminhos ele conseguiu encontrar o elo perdido entre sua época, e os dias mais remotos da história do feudo.

No Best Seller "O Chato", do grande estudioso do supositório, Trapa patre Tripa, ele descobriu finalmente a grande a importância da coceira para o desenvolvimento do chato na virilha. Em "Faça Amor Via Índias Ocidentais" de Vivian Gozona e Silva aprendeu que o adultério era a mais antiga e gozosa aventura humana. Desde as cavernas jamais existira uma sociedade onde não houvesse a figura heróica do pé-de-pano, nome local do sócio-sexo-corneador.

Sentiu a enorme preocupação sempre presente dos combatentes que saiam em nome da "Santa Madre" nas intermináveis Cruzadas(matança idiota, de nativos "infiéis"), com suas mulheres que ficavam em seus feudos fazendo a felicidade da rapaziada. Sabiam que enquanto lutavam, as vadias combatiam o gozoso combate na "horizontal", à dois. Chamavam "Cruzada" a travessia (cruzamento do Rio Guaporé) do Tratado das Tordesilhas, de um lado para o outro.

A precaução dos maridos guerreiros era enorme, alguns mandavam matar os artesãos que construíam as peças para que outras chaves não fossem feitas.

O adultério foi o principal responsável pelo avanço das fechaduras no mundo. Muitos mandavam construir autênticas armaduras de ferro (cinto de castidade), para proteger a "fruta" de corpos não tão estranhos  endurecidos por sócio-sexo-corneadores menos estranhos ainda.

Outros maridos levavam para as batalhas os artesãos consigo, como escudeiros, para tê-los por perto.

Em muitos casos tornava-se inócua a precaução dos senhores guerreiros, pois engenhosamente, por debaixo dos panos as peças eram abertas por hábeis e espertos pés-de-pano, interpretadores bíblicos que diziam:" Não devemos devemos desejar a mulher do próximo, apenas quando este próximo estiver próximo..."

Os descamisados da época, com pouco dinheiro e muita imaginação, quando acompanhavam os senhores feudais nos embates "santos" contra os "infiéis", também deixavam as suas mulheres "protegidas". Para elas eles mandavam construir uma carapaça de couro de mucura chamada Shancouro (ou proteção de couro para shanas vadias).

Nessa época uma expressão popular espalhou-se por toda a região e chegou aos dias de hoje: "Fura-Couro". Por motivos óbvios. Graças à essa fase da humanidade, de Cruzada em Cruzada, transas em alta escala aconteceram.

Nunca o adultério foi tão forte quanto áquela época.

A inventiva dos envolvidos era algo espantoso. Face à dificuldade da consumação do ato, posições por vezes grotescas e até mirabolantes foram criadas e ficaram famosas. "Coqueirinho", uma temeridade para os gozosos pés-de-pano de então, pois vez por outra um novo e infeliz eunuco surgia tendo em vista que, ao ficar sob a armadura de metal da fogosa parceira, um movimento em falso desta acionava a tranca da mesma e zás, a extirpação era rápida e não indolor. Os "nabos" cortados, após incansáveis estudos, deram origem aos absorventes OB e TAMPAX hoje em dia.

Embevecido pelo aroma estonteante do seu já inseparável "lenço", a cada livro ou pergaminho lido no museu o legionário aculturava-se. Sorriu com toda sofreguidão quando leu que inscrições encontradas recentemente em escavações Colhas, vieram a confirmar outras tantas descobertas no passado, desde o século XVII que o troglodita, ainda que isolado, sem o sentido de comunidade, incursionava, na calada da noite, à cata de uma fenda em desuso.

Numa enorme caverna encontrada na elevação do Pacaas Novos, inscrições feitas com lascas de pedras mostravam um "manso" abatendo um bicho à cacetada, e, à sua frente sua parceira, gozosamente, deliciava-se de costas para o exterior da caverna assoprando o fundo de um matá-matá na entrada da toca, enquanto era "assoprada" gozosamente, da mesma forma por um esperto sócio-sexo-corneador. Esta situação foi bastante comum quando da utilização do velho ferro de engomar à carvão, na primeira metade deste século.

O intrépido crioulo matador de periquitas preparou-se convenientemente para a competição. Desde três dias antes da borrada, torcendo o nariz e rezando muito para não vomitar as tripas, fez uso de uma dieta, no mínimo suicida: Trás-prá-cá com chin-cha e massa de macaxeira como desjejum, e mucura no tuscuspi ardente para o almoço, e assaí à vontade no jantar, com batida e creme de ânuspuaçu ou creme de biribá.

Espantou-se quando leu um pergaminho muito antigo que falava de um genovês baitola, Muquifo Atroz, que no século XVIII fundou uma seita sectária e maniqueísta chamada Igreja Mundial do Império de Deus, com muitos adeptos na região corridos da Europa pela Contra Reforma da santa madre. A maioria dos integrantes da seita (popularmente conhecida como a patota dos Irmãos Metralhas), teve parentes assassinados nas famigeradas santas inquisições satânicas.

Muquifo, que tinha uma boa lábia, para variar, forjou documentos e apresentou-os como se tivessem sido encontrados numa escavação realizada no Monte Arabaca, localizado entre o Espigão do Clit-óris Gr-aúdo e a Jurup-oca mole, no Oriente meio-médio. Criou-se desde então uma histeria coletiva, dizia ele embusteiramente: "O Diabo é o responsável pelo gozoso nheco nheco clandestino".

Conta o historiador Kbaço 100 Tsão no seu "Compêndio de Ética no Adultério", que o Pastor Muquifo era dado à uma tara sexual excêntrica. Nas noites de escuro, quando a visibilidade era zero ele saia pilotando sua gôndola pelos célebres canais de Veneza, assobiando uma melodia que somente as assanhadas entendiam, e por cada portal ou janela essas já o aguardavam, numa posição que o permitisse fazer acionar sua principal ferramenta de trabalho gozoso, o enorme nariz.

Folheando um opúsculo apócrifo encontrado num brega em Athenas em 1723, indignou-se vivamente quando descobriu a causa do tabu ao longo dos tempos:

A Santa Madre, para variar, embusteiramente, criou a "vergonha do sexo", o "pecado". Ele foi o pivô de todos os falsos puritanismos criado e regado em catecismos, bulas papais e outras mumunhas do gênero, no afã de proibir o gozo entre as massas, e, enquanto isso, no seu interior, o couro comia.

De alguma forma esse papo de histeria era muito comum no interior do naquela época: Mula sem cabeça, lobisomem, duendes e outras baboseiras foram passadas através dos séculos por gozosos e vivos pés-de-panos. Na verdade, segundo o pesquisador KCti KHdu, o que acontece nessas noites, é o recolhimento dos habitantes do lugar às suas casas mais cedo, deixando livre o trânsito pelos becos e vielas para os casais adúlteros fornicarem à vontade.

Fez exercícios na taberna Axila da Cobra e acrobacia rítimica ao som de árias melódicas na taverna Pôr da Lua, enfim preparou-se com afinco.

Fez-se presente aos jogos, o crioulinho trolha era o único da sua raça presente nas disputas, para desespero da raça branca ele foi o vencedor, mesmo porque fazendo uso das drogas como dieta, inadvertidamente, dopou-se desbragadamente.

Lançou uma cusparada a seis metros de distância e de lambuja matou dois porcos-do-mato que por lá passavam e tiveram a desdita de sentir o bafo do atleta.

O esforço foi tão grande que enquanto o cuspe saia para frente como uma lança, para trás, gases involuntários, fétidos e altamente corrosivos abriram um círculo numa cueca, numa calça, num testículo rendido e por isso já imprestável de um caçador de paca e, foi inspirar um mal casado compositor de arias colhas bolivianas.

Bem feito!

Lá estava ele, em pleno salão nobre do forte, cercado de moçoilas, viados e eunucos afeminados à parabenizá-lo pela vitória "VIVA NOSSO HERÓI CUSPÃO", "VIVA NOSSO CUSPIDORMOR", CRUZES!, foi para o Friness, o manuscrito dos recordes.

Enquanto divertia-se no ambiente libidinoso, o legionário pensou: Calígula, no passado foi um aprendiz da esbórnia comparando-se ao que ele presenciava naquele momento. Menage a trois, suruba, voyeurismo, sado-masoquismo, um autêntico comunismo (sem o sentido ideológico), todos comiam e comiam-se todos.

Percebeu alguns blocos de foliões fantasiados, num desvairio sem limite, identificou três deles: "A Periquita da Patroa", O Koça Bolas" e o "Galinhas".

Conversando animadamente com uma velhinha de 35 anos (no feudo a mulher depois dos 30 estava com o chassis empenado, e a buça com um diâmetro beirando uma touca de padeiro, pelos longos anos de" estrada"), o legionário tomou conhecimento do maior problema da região, principalmente no feudo: o tráfico de trás-prá-cá e outras drogas mais pesadas como o ânuspuaçu.

Caíu na real, descobrira muito tarde que, quando da preparação para o torneio, consumira pscotrópicos e que poderia ter sido preso caso fosse descoberto em flagrante.

Magné Siabisu Rada, este era o nome da anciã, contou-lhe que seis meses antes, um viajante desavisado consumira uma super dose (super-cuia) da lavagem, trás-prá-cá com goma e caíra fulminado. Fora constatado na autópsia que houvera ocorrido um tranco muscular e que até o espírito do indigitado viciado escafedera-se.

Nesse ínterim, enquanto distraia as moçoilas com suas estórias de viajante interfeudal, alguém adentrou ao recinto com cara de poucos amigos e acercando-se do duque segredou algo ao seu ouvido e este, de imediato, num acesso de fúria bradou: "Quem foi o atrevido que roubou a ceroula da minha amada filha a princesa Shanela?"

Fez-se um silêncio sepulcral, todos entreolharam-se, de pronto o senhor ordenou ao seu Capitão D'Armas, o eunuco chefe, Senun para que empreendesse uma caçada ao filho de uma égua que havia surrupiado tão íntima peça de sua filha, queria vê-lo de volta trazendo em sua cinta o saco escrotal de tão insidiosa figura e, voltando-se para o bravo herói bradou:

"Você é estrangeiro, seu crioulo de uma figa, por certo não conhece nossas leis internas à respeito da preservação do cabaço de minha filha, fora você o pentelho sacana autor de tamanha afronta?".

Sacudido por um tremor do saco ao cangote, algo normal para aquela insólita situação, nosso bravo legionário pigarreou forte, estava gripado, e numa voz pausada e firme declamou:

" Meu senhor eu vou dizer

A má coisa que me aconteceu

Vinha andando pela noite de céu estrelado

Quando de repente o pau comeu

Chuva e trovões para todos os lados

E eu nú no caminho, que azar o meu.

          

O frio me doeu os ossos

Me senti um escoteiro, um recruta

Espirrei, gripei e senti –me mal

Quase pirei, quase fiquei biruta

Oh! senhor, que alegria fudida

Ao identificar no aroma a fruta."

Por sorte, encontrei, ainda que em lugar proibido

Um lenço, para assoar uma coriza fajuta

 

- Oh! infiel vassalo, o que está a me dizer?

Perguntou o senhor irado

Além de invadir lugar proibido

Que estória de fruta é esta seu bastardo?

O protetor da buça da princesa é para seu nariz?

Vou mandar castrá-lo seu desgraçado.

 

- Senhor sou um macho viril

Da Periquita corro atrás

Venho de uma terra do prazer

Onde o mais manso é o satanás

Já sentí agora o cheiro novamente

Nessa beleza ao seu lado vestida de rapaz.

 

Foi um Deus nos acuda no salão, os presentes jamais identificaram aquele rapaz que sempre ficava ao lado do Duque, pensavam ser outro eunuco afeminado triste.

Não!! Era ela, a bela ninfeta.

O duque ao se ver descoberto titubeou, se viu nú, aquele bastardo filho de uma que ronca e fuça, mostrou-se valente. Castrá-lo ou adotá-lo como genro? ainda nessa dúvida o jovem mancebo insistiu:

Jovem e bela Shanela

Por tí beberei até cicuta

Enfrento até tú meu senhor

numa retumbante peleja justa

Mas jamais deixarei de lado

essa rechonchuda e úmida gruta

 

Seu orgasmo me estonteou

Até hoje tenho meu nariz molhado

Contei 3 milhões de pêlos no triângulo

Depois do contorno cheirado

Seu clitóris tem 3 centímetros

Parece um xuxu grelado.

 

Oh! céus enfim surgiu

Disse o duque satisfeito

Foi preciso vir de fora

Um macho viril de peito

Diferente dos brochas do meu feudo

Foste tú, cheirador, o eleito.

 

Minha filha, donzela militante

De há muito esperava

Um varão galante

Para gozadora feliz torná-la

Agora comemoremos a data brilhante

E utilize a racha, solte a vara.

 

Foram iniciados os preparativos para a importante cerimônia, era um momento histórico no feudo, finalmente dois coelhos seriam atingidos pela mesma porretada, a segurança do castelo ganharia um valente comandante e a filha do Corta Saco, um pé-de-sofá para as suas noites insones.

Mas antes que se consumasse o final feliz algumas escaramuças se colocaram entre os dois noivos.

Skolpeteco  Baitola, fiel escudeiro da duquesa mãe e seu predileto "pé-de-pano", enciumado com o súbito aparecimento do rei do cuspe, um negro, na calada da noite, em reuniões conspirativas com Tuchaua Kid, condutor de boléia do castelo, tramaram o seu assassinato. 

Seria no sexto dia do mês oito, quando haveria alguns arraiás no ducado vizinho. Era o dia da Borra Bota.

Quando se deslocava pela Gd-365, vereda principal do feudo, nas imediações dos bordéis Vera grande e NuKuchego já no pé da serra, na manhã do dia marcado pelos traidores, Trolha desmarcada foi vítima de uma terrível emboscada.

Tres facas foram arremessadas ao mesmo tempo de três pontos distintos, três foram os malfeitores: Skolpeteco Baitola, Tuchaua Kid e Edia Mascedo.

Duas das facas erraram o alvo, a terceira porém acertou em cheio os skimbas do Trolha, desespero do herói ao ver sua ferramenta de trabalho e lazer inutilizada.

Oh! lamentava o bravo, além da dor o vexame de se ver desapetrechado do famoso almoçador de periquitas vadias. O que dizer à sua amada? ficou ali prostado por duas horas, esvaindo-se em sangue.

Por sua mente passaram aventuras anteriores: Verona a rainha do agateza, fogosa nos seus 13 anos, Cachemirra a princesinha do coqueirinho, dava mais que maracujá no feudo, Gertrudes a quadrada insaciável do papai e mamãe, enfim todas elas desfilaram ante sua mente pouco a pouco anuviada pela fraqueza, estava castrado.

Dos braços de morfeu, Trolha acordou numa rede no tapiri do mestre rolha, o mais conhecido receitador de pedra-ume do feudo. Muito solicitado pelas moçoilas pretensiosas e raramente casadoiras, era uma espécie de bruxo (pois apertar buça com muitos anos de atividade só sendo feiticeiro mesmo). Pimba, milagre, estava o nosso herói curado, sua estrovenga não mostrava sinais da violenta agressão dos bandidos.

Agradecido Trolha pirulitou-se dali, três dias se passaram desde a emboscada, precisava ver de imediato sua amada, encontrou-a num poço de água não muito agradável chamado de banho pelos moradores do lugar, arrastou-a para atrás de uma moita de capim e testou o ferro: deu três sem tirar a cueca.

A suposta virgem foi posta à nú. O mancebo descobriu que ela não era tão cabaço assim, sua buça parecia uma cuia de trás-prá-ca de tão frouxa.

- Oh my love, quem subiu em seu umbigo antes? onde está a donzelice falada?

- O gato comeu, respondeu a moçoila.

- Gato? retrucou o já manso.

- Bem... digo,...o Pedrinho, o Serginho, o Luizinho, o pedreiro, o sapateiro, o ferreiro, a Legião de Honra e de quebra o ceguinho perneta da vereda 15.

- Indignado Trolha esperneou, quero o nome completo de todos para mandar torturá-los.

- Éeeeeegua...! Nome..? que nome? espantou-se a ex-donzela. Foram tantos os gatos que me furaram o couro que se torna impossível nominá-los.

- Porca miséria, já sou corno?      

- Sim meu amado, parabéns, você já é chifrudo, sorria, alegria, alegria, não foi preciso esperar muito.

- Eu mato todos eles!

- Calma, este desespero é comum nos primeiros dias da descoberta, depois você, à exemplo de todos os que são, se acostumará, soltará rojões e ficará manso.

- Não, não aceito ser corno. Me diga, como você consegue exercitar a carne mijada com tanta gente e permanecer no anonimato?

- Bem... na Serra, nos banhos, nos sítios, no cemitério, etc, etc.

Mas Shanela, este pequeno feudo tem uma característica muito peculiar, nada aqui fica encoberto por muito tempo, tudo se sabe, mesmo antes de acontecer, incrível e, no entanto, suas bimbadas são um segredo de Estado.

Meu Deus sou um manso? Não aceito isso, eu mato!

- Calma. Aquí no feudo tem uma máxima que diz: OS BRAVOS DE HOJE, SÃO OS MANSOS DE AMANHÃ. Para confortá-lo vou enumerar os tipos de cornos daqui:

CORNO FELIZ, é o manso, tem os chifres para trás, sorrí em sê-lo;

CORNO ENDIABRADO, é o mais indócil, quer acabar o mundo, bate pé firme em não aceitar o enfeite;

CORNO JOGADOR, é aquele que sabe tirar partido da situação. Através do prazer da mulher sabe explorar o sócio-sexo-corneador;

CORNO VINGATIVO, aquele que se vinga da mulher emprestando o ané de couro para a rapaziada;

CORNO ANÔNIMO, exige o silêncio, detesta a divulgação do seu enfeite;

CORNO EMPRESÁRIO, vende o sofá no qual era chifrado;

CORNO ESCULÁPIO, aquele que acredita na desculpa do dentista;

Para todos a mesma situação, a traição das mulheres ocorre entre às nove e onze da manhã, ou entre às 14 e 16 horas pela tarde.

- Chega, retrucou Trolha. E eu onde entro nessa estória?

- CORNO CUSPIDOR, respondeu Shanela.

Resolvida a situação, já "amansado", Trolha contou à Shanela todos os problemas por ele enfrentado nos últimos dias. Falou da boa ação do mestre rolha na sua cura. Shanela falou que conhecia a fama do curador maior do feudo, e que ela já houvera por três vezes sido tratada por ele.

- Você? o que você teve?

- Precisei de pedra-ume nas três oportunidades, isto foi aos treze, quinze e dezoito anos.

- Acho que está na hora de procurá-lo novamente, você está um poço só.

- Éeeeguaaaa!!!, não estou tão frouxa assim não, você é que com esse rabo de coelho, não serve nem para fazer cócega em calango.

- Porca miséria, saiba que sou conhecido como Trolha, o bem dotado. Até hoje no alto dos meus trinta e cinco centímetros, nenhuma vaca me desconsiderou, você... você!

- Eu, o quê?

- Deixa prá lá.

Foram ao duque contaram a este a desdita por que passara o bravo gentilhomen, furioso, o velho baniu Skolpeteco Baitola, castrado, para o Feudo de Jica-Pirini; a duquesa foi expulsa da corte, virou cafetina no Mara Som, por pouco tempo, viciada em trás-prá-cá, morreu de cirrose hepática; Tuchaua Kid virou condutor de ceguinho, sem as duas mãos; Edia Mascedo foi condenado a beber o purgativo assaí em doses homeopáticas, 3 gotas de três em três horas, não resistiu muito, essa droga matou-o ao final do terceiro dia.

A despedida de solteira de Shanela ocorreu numa hacienda, a sós com quatro mancebos da corte, Huguinho, Zezinho, Luisinho e Serginho Carraspana com promessas de reinício da sessão já no início de casada. Nessa nova fase da vida ela fez a felicidade da rapaziada, dava por canivete suísso, cuia de trás-prá-cá (era viciada), ou pitada de rapé, só não dava a sapo ou cobra devido a imensa dificuldade de identificar o macho.

A despedida de solteiro de Trolha não foi muito diferente, ele fez a alegria de sessenta e três mulheres casadas do feudo e mais duas dezenas  descamisadas, todas estudantes da Pedra Lealdade.

Casaram-se, Trolha e Shanela tiveram 25 filhos até quando a buça aguentou, cada um dos filhos tinha uma cara, cor e cabelos diferentes. Vem daí a máxima bastante levada em conta nos dias de hoje de que "TODO O FILHO PARECE COM O PAI, PODE NÃO PARECER COM O MARIDO".

Corta Saco dois anos depois bateu as botas Os eunucos criaram a profissão ator de teatro, cinema e televisão, assíduos frescadores de malhação, de estilistas de moda, cabeleleiro, e preparador físico de time infanto-juvenil de futebol.

As donzelas do feudo, todas abaixo de 15 anos, por falta do sexo oposto, amancebaram-se com as iguais, foi uma farra total.

246 anos depois, o Papa Cramulhão 666, numa das suas intermináveis viagens pelo mundo afora, canonizou o beato Trolha, transformando-o em protetor dos que usam capacete de mongol e o seu dia passou a ser comemorado á 8 de março, Dia Internacional da Mulher

Taxistas, dentistas, e outros eméritos sócio-sexo-corneadores menos votados, exultam com essa data, é o dia de em que todos eles, ganham presentes ofertados pela mulherada vadia e pagos pelo corno sócio. Vão mais além bebericam White Horse 12 anos, Logan da mesma safra, e cantam refrões mundialmente conhecidos:

"MINHA NÊGA SEU MARIDO, O MANSO

ELE SAI MUITO E PENSA SER ESPERTO

CIRCULA COM MUITAS POR AI, COITADO

EM CASA O IDIOTA ESTÁ DESCOBERTO

 

DIZ PARA TODAS QUE É SUPER-MACHO

QUE VIVE A VIDA QUE SEMPRE QUIZ

POBRE RAPAZ TEM A CABEÇA ENFEITADA

 É CHIFRUDO E DIZ QUE É FELIZ

 

SOU SEU SÓCIO-SEXO-CORNEADOR, O MOITA

COMO QUIETO POIS SOU SABIDO

CIRCULO CONTIGO E COM MUITAS OUTRAS

MAS NÃO SOU LEZO, COMO SEU MARIDO